01/05/10

"Os Maias", Eça de Queirós


A história de uma família portuguesa, em finais do século XIX, tornou-se uma das obras mais consagradas a nível mundial. Do punho de Eça de Queirós, numa escrita realista que apontava todos os "podres" dos protagonistas, seguimos os Maias. Nas figuras do patriarca Afonso, do traído Pedro e do diletante Carlos apresentam-se três gerações de uma família de elevado estatuto nas lides lisboetas.
O palácio do Ramalhete, o Teatro da Trindade e Sintra são alguns dos palcos da acção. Nestes lugares desfilam personagens-tipo de um tempo "queirosiano": mulheres fatais, políticos corruptos, jovens utópicos que assumem um papel de mudança no futuro do país, para, no fim, nada terem feito.

O incesto também é um tema-chave do livro. O promissor Carlos, médico, de brilhante início de carreira, respeitado pelos seus pares, envolve-se com uma misteriosa dama casada. Depois de algumas peripécias (saber que Maria Eduarda afinal não era pertença de outro homem) e de, finalmente, poder viver livremente aquele amor tão "puro", Carlos da Maia vê o seu mundo ruir: ela era a sua irmã, levada de Portugal pela mãe, aquela Maria Monforte das histórias do avô, aquela que conduziu Pedro ao suicídio.
Eça de Queirós levou oito anos a compor esta saga familiar que, para lá das desventuras amorosas do membro mais novo (Carlos) e das tropelias do seu melhor amigo (João da Ega), também revela um Portugal de fim-de-Século muito contemporâneo. Toda uma sociedade foi alvo do olhar atento, irónico e muito mordaz de Eça. Política, cultura, costumes e rotinas, nada escapou neste grande clássico da literatura.


Fátima Lucas

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