20/04/10

Sede de Saber

Fosse a minha ânsia de infinito ou tão só a minha pequenez física que me tolhia o horizonte, fui precoce no acto de atentar em tudo o que surgia no meu campo de visão e habituei-me, desde muito cedo, a erguer o olhar.
Não me reconheço na atitude humildemente submissa de baixar os olhos, nem no acto de uma camuflada mente que, de modo voluntário, os desvia.
Sou, naturalmente, curiosa.
E, embora a curiosidade seja uma das minhas fraquezas – porque me deixa ávida de saber – nunca a considerei como um dos meus defeitos!
Ser curioso é ter cá dentro uma vontade gigante e tenaz de querer entender. De querer experimentar. De querer experimentar para poder entender. E vice-versa!
É saber que sou capaz de aprender tudo o que eu quiser, bastando para isso a minha vontade própria. Ou a boa vontade de quem me queira ensinar. Ou ambas as duas, como dizia o Ti Zaquiel.
Ser curioso é deixar-me seduzir pelo que ainda não sei fazer. É mergulhar de cabeça na impressão primeira do primeiríssimo gesto e sentir o arrepio da primeira vez!
Ser curioso é gostar de saber que há milhentas coisas que ainda desconheço, sem por isso me sentir ignorante ou incapaz!
Ser curioso é tudo isto mas é também – e tão só – ter em mim a vontade maior de olhar, de contemplar, de apreciar intensamente, demoradamente, as coisas mais simples, os gestos mais singelos, que cada dia me oferece. E encontrar neles a verdadeira essência da sabedoria.
Saber que nunca saberei tudo abre-me o apetite de querer aprender sempre mais e dá-me a certeza que a minha sede de saber não será, nunca, totalmente saciada.

G.Rocha

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