04/12/12

Editorial jornal reporter 30/11/2012



Há poucos dias, o presidente do Fórum para a Liberdade de Educação (FLE), Fernando Adão da Fonseca, dizia que os novos tempos exigem que se eduque para a “diferença”, para a “flexibilidade” e para “o sentido crítico” e isso não existe no atual tipo de escolas. Dizia ainda ser urgente encontrar um sistema mais flexível que contemple “a liberdade de escolha das escolas por parte dos alunos”, caso contrário “vamos ter escolas que ensinam a produzir sapatos todos do mesmo tamanho e algumas pessoas vão ter muitas dores nos pés”.

Concordo com ele! Aliás, esta “nova” vertente para o ensino não é uma novidade que muitos educadores e pensadores livre vêm defendendo ao longo dos últimos anos. No entanto, pouco se tem feito neste sentido. Acredito também que estas mudanças, inevitáveis, a ocorrer terão de passar por um processo interno de cada escola e ao ritmo de cada uma. Se for algo imposto, e não adquirido de forma própria, não funcionará. Para tal, é portanto preciso mudar a mentalidade dos decisores e dos intervenientes diretos no processo, professores e alunos. Se bem que neste último caso, as coisas sejam mais simples, pois os próprios anseiam por mudanças.

Quanto mais leio, e descubro nos meandros da Internet, sobre esta temática, mais fico convencido que para o nosso caso em especial, o do ensino profissional, tal representa uma absoluta necessidade. Cada vez mais seremos o “porto-de-abrigo” para muitos jovens descontentes e inadaptados no atual sistema de ensino e que nos procuram na ânsia e expetativa de encontrar um novo rumo para a sua formação. Se lhes dermos «mais do mesmo», em que aspetos seremos diferentes? E não será na diferenciação que teremos de apostar para garantir o nosso futuro, nestes tempos tão difíceis?!

Toda esta nova mentalidade terá de romper de forma clara com o passado, e para tal nos paradigmas e desafios nos esperam. Há que não ter medo deles. Há que abandonar o conforto e a segurança adquirida pela via da experiência e procurar novos rumos, novas formas e novos métodos. A receita não existe! Caberá a cada escola descobrir a sua.

Estamos cientes da importância de mudar. Estamos atentos e vamos dando, timidamente, os primeiros passos nessa “nova” direção. Este ano letivo foi apenas mais um passo. Não podemos voltar atrás e temos de nos convencer de que, por uma vez por todas, o futuro que nos espera é incerto e pouco atraente, contudo temos ao nosso alcance todas as ferramentas para o mudar, embelezar e acima de tudo vencer. É isso a que nos propomos. Vencer, formando jovens vencedores e cada mais capazes de enfrentar o que os espera.

Ao futuro!

José Pegada
Diretor Pedagógico da EPO

04/11/12

Visita de estudo à Assembleia da República



No passado dia 31 de outubro, os alunos da turma GES 12.15 e seis alunos participantes no projeto Comenius Multi, acompanhados pela docente de Direito das Organizações, Margarida Rodrigues, visitaram a o edifício da Assembleia da República e assistiram, como convidados da deputada Carina Oliveira, ao plenário daquele órgão de soberania, no dia em que se discutiu e votou na generalidade a proposta de lei apresentada pelo Governo, relativa ao Orçamento de Estado para 2013.
Tratando-se de um tema “quente”, o debate entre os deputados dos diversos grupos parlamentares foi intenso, permitindo aos alunos experienciar o verdadeiro exercício da liberdade de expressão por parte dos representantes do povo português. O Governo, que se encontrava presente no plenário, não foi poupado às perguntas e às considerações dos deputados, tendo sido interpelados diretamente vários ministros.
Para além de assistir ao plenário do parlamento, o grupo visitou vários espaços emblemáticos do edifício, acompanhados por um guia que foi explicando as funções de cada espaço e indicando os autores das diversas obras de arte observadas, desde a pintura à escultura.
Tivemos ainda o privilégio de reunir numa sala de reuniões dos comissões parlamentares com a anfitriã do grupo, a deputada Carina Oliveira. Pelo terceiro ano consecutivo, a deputada esclareceu, com uma enorme clareza e simplicidade, todas as dúvidas e  curiosidades apresentadas pelos alunos. Foram vários os assuntos abordados nesta reunião, como o processo de formação da lei na Assembleia da República, a disciplina de voto, a contagem dos votos ou a declaração de voto, entre outros.
Depois do almoço na cantina da Assembleia da República, chegou a hora de partir. Á saída deparámos com um enorme contingente policial, que assegurava que os manifestantes não impediam a saída dos deputados com segurança. Em virtude da manifestação contra o Orçamento de Estado e as políticas de austeridade, foi assegurada aos alunos escolta policial até ao autocarro.
Foi um dia repleto de experiências diferentes que se manterão certamente por muito tempo na memória de todos.
Resta o agradecimento especial à deputada Carina Oliveira, por mais uma excelente receção e acompanhamento do grupo de alunos da Escola Profissional de Ourém.






A docente de Direito das Organizações
Margarida Rodrigues

18/10/12

Alunos da EPO na exposição: "Tráfico de seres humanos"


 Os alunos da Escola Profissional de Ourém tiveram a oportunidade de participar, no âmbito da disciplina de Área de Integração, no conjunto de iniciativas dedicadas ao tema “Tráfico de seres humanos”, evento organizado pela Câmara Municipal de Ourém, em parceria com o Observatório de Tráfico de Seres Humanos (OTSH).

Na sala de exposições do Edifício dos Paços do Concelho foi possível visitar uma mostra constituída por diversos painéis informativos, bem como por uma instalação artística de significativo impacto visual e emocional, sendo que, no Auditório da Câmara Municipal, foi ainda  possível visualizar um documentário de curta duração, denominado “Afetadas para a vida”.
 No âmbito deste evento, que ocorreu entre os dias 2 e 12 de outubro, foram realizados ainda diversos debates e colóquios, com a colaboração de agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras(SEF), e da Polícia Judiciária.
 Segundo a Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC), entre 800 000 a 2,4 milhões de pessoas por ano são vítimas do tráfico de seres humanos, sendo que em igual período de tempo, esta atividade gera cerca de 27 biliões de euros de lucro.
  As redes de tráfico de seres humanos, altamente lucrativas, fazem-se valer da coação psicológica que exercem sobre as suas vítimas, iludindo os sonhos e expectativas de diversas pessoas, e tomando como cúmplice a indiferença dos cidadãos comuns, bem como a dificuldade das autoridades em provar e condenar a sua prática criminosa.
 O tráfico de seres humanos pode revestir-se de diversas formas, no que diz respeito aos seus métodos e finalidades, sendo que cada caso é único nas suas caraterísticas. Cabe a cada cidadão o dever de estar atento e denunciar eventuais situações duvidosas, no que a esta prática concerne.
 Seja para fins de prostituição, trabalho forçado, venda de orgãos ou qualquer tipo de abuso e desrespeito pelos mais elementares direitos humanos, esta prática criminosa beneficia diretamente do desespero e da miséria que decorrem de cenários de guerra, pobreza, desemprego, e crises de cariz social, político ou económico.
Este evento teve o mérito de mostrar com clareza as diversas perspetivas e abordagens do fenómeno do tráfico de seres humanos (as suas origens históricas e geográficas, enquadramento legal, resposta das autoridades, números e percentagens envolvidas), conseguindo traduzir, com eficácia, a premência e atualidade deste flagelo.
 Sempre sensibilizados e participativos, os alunos puderam perceber que no atual contexto sócio-económico, todos somos vulneráveis a este fenómeno, ao qual urge responder a uma só voz, por meio de um sólido sentido cívico e de uma inequívoca união de esforços.

Os professores da disciplina de Área de Integração:

César Adão
Margarida Rodrigues

01/08/12

QUANDO UM MECÂNICO GANHA MAIS QUE UM CHEFE DE COZINHA (I)

Regresso ao tema dos cursos e das profissões, utilizando o mesmo título porque me parece apelativo. Apenas isso. Não pretendo valorizar, em excesso, a profissão de mecânico, nem desvalorizar a de cozinheiro. Ou vice-versa. As duas, como todas as outras, merecem-me o maior respeito e acredito que um equilíbrio sustentado na diversidade, de cursos e de profissões, evitaria as situações dramáticas que atualmente muitos dos nossos jovens estão a viver. Depois de um forte investimento pessoal, a estudar, associado aos grandes sacrifícios financeiros que é necessário uma família fazer para isso assegurar, vêm tempos de enorme frustração. Do jovem e da sua família. Ambos se esforçaram, cada um à sua maneira, para atingir um objetivo superior (a conclusão de um curso superior), que depois se desmorona na incapacidade do jovem em encontrar emprego. Nunca como agora (e nos últimos anos) foi tão difícil a um jovem “da província” estudar numa universidade pública portuguesa. Aos cerca de mil euros anuais de propinas, é preciso adicionar a renda de um quarto, sempre a rondar os 250 a 300 euros mensais e depois a comida, as viagens, as fotocópias (porque os livros são um luxo) e algum “dinheirito de bolso”, tudo a rondar os 80 a 100 euros por semana. Basta somar e estamos numa mesada a rondar os 750 a 800 euros por mês. Quantas famílias podem disponibilizar mensalmente este valor? Quantos sacrifícios são necessários fazer para isso? E depois? Depois nada ou quase nada.

Voltando ao estudo “Qualificação para a reconversão sectorial” da autoria de Paulo Pedroso, João Elyseu e João Magalhães e tendo como base de análise territorial a NUT II, Lisboa (onde Ourém se insere) concluímos como “bastante adequados” os cursos de metalurgia e metalomecânica, construção e reparação de veículos a motor, indústrias alimentares e hotelaria e restauração. Como “adequados” os cursos de electricidade e energia, electrónica e automação, produção agrícola e animal e floricultura e jardinagem. Como “pouco adequados” os de turismo e lazer e de protecção do ambiente. E como “não adequados” os de tecnologia e produtos químicos, industrias do têxtil, vestuário, calçado e couro, dos materiais (madeira, cerâmica, cortiça e outros), indústrias extractivas e silvicultura, caça e pescas. Admitindo que este exercício se pode tornar, no mínimo, um pouco confuso e não querendo aqui discutir critérios recentemente utilizados para a aprovação da oferta formativa 2012/2013, podemos concluir que para a região de Lisboa, e segundo este estudo, se deve apostar prioritariamente e a médio prazo nas seguintes áreas/profissões:
  • Metalurgia e metalomecânica
  • Construção e reparação de veículos automóveis
  • Indústrias alimentares
  • Hotelaria e restauração
Numa segunda opção pode-se investir nas seguintes:
  • Electricidade e energia
  • Electrónica e automação
  • Produção agrícola e animal
  • Floricultura e jardinagem
E o resto, segundo o referido estudo, passa para um plano totalmente secundário, não conseguindo associar a formação a áreas profissionais que garantam a mínima empregabilidade. Naquilo que directamente diz respeito às nossas escolas (EPO e EHF), concluímos que temos vindo a fazer apostas certas. A verde, sublinho as áreas que temos em funcionamento e que importa continuar a desenvolver e a vermelho, aquelas que acredito virão a acrescer à nossa oferta futura. Não estou totalmente seguro. Daí o partilhar estes pensamentos, admito que pouco estruturados, na expectativa de que aqueles que os lerem me possam dar uma ajuda. Todos os contributos são bem-vindos.
Mas de uma coisa estou certo. A generalidade das áreas antes referidas, quer se trate de ensino profissional ou superior, continuam a assegurar uma excelente capacidade em termos de garantia de integração rápida no mercado de trabalho. E por isso é importante reforçar uma aposta equilibrada na sua continuidade, não descurando a diversidade que importa acautelar. De cursos e de profissões.

Francisco Vieira
Diretor Executivo da Insignare

25/07/12

O perigo de escolher cursos que estão na moda


QUANDO UM MECÂNICO GANHA MAIS QUE UM CHEFE DE COZINHA

Restrinjo este meu breve pensamento apenas aos cursos profissionais de nível IV. Porque são privilegiadamente aqueles com que trabalhamos nas escolas Insignare, porque são os que melhor conheço. Todos os anos assistimos a momentos de elevada indecisão e expectativa por parte dos jovens que nos procuram. 

Com uma média de idades a rondar os 15/16 anos, são colocados perante o dilema de optar por um curso que na generalidade marcará definitivamente a continuidade do seu percurso académico a nível superior ou o abraçar de uma profissão para boa parte da vida. Sim, apenas para boa parte, porque isto de profissões para a vida é coisa que me parece já não existir. E é neste momento tão decisivo das suas vidas que os jovens são confrontados com uma imensa diversidade de opções, algumas delas ajustadas à formação dos docentes existentes nas escolas e propostas apenas com a finalidade de garantir a manutenção dos postos de trabalho, outras enquadradas em discutíveis critérios superiores que definem a sua prioridade, outras tão só, porque estão na moda e garantem uma forte adesão por parte dos jovens. 

E é sobre este último aspecto que agora me importa refletir. Já lá vão vinte anos em que aqui iniciámos a oferta de formação nas áreas da Hotelaria e do Turismo. Relembro a relativa facilidade com que conseguíamos a adesão de alunos para o curso de Receção, menos para o curso de Restaurante/Bar e era tarefa quase impossível convencer um jovem (e sobretudo a sua família) de que a profissão de Cozinheiro tinha bons níveis remuneratórios e uma grande empregabilidade. Duas décadas depois como é tão diferente a realidade. O mediatismo conseguido pela área de Cozinha colocou a profissão e os cursos que a ela conduzem no topo das preferências e basta analisar os dados recentes na Escola de Hotelaria de Fátima. Para trinta vagas disponíveis no curso de Cozinha/Pastelaria inscreveram-se cem jovens. Mas o verdadeiro problema não está na forte adesão verificada na EHF, que por sinal é uma escola especializada nas áreas da Hotelaria, Restauração e Turismo, o problema está na multiplicidade de ofertas que pulverizam o território nacional. 

Corre-se o sério risco de que a médio prazo a oferta de trabalho exceda largamente a procura e que uma profissão reconhecida e razoavelmente remunerada perca tudo aquilo que lhe custou tanto a conseguir. E tudo por excesso, por mediatismo, por moda. Em simultâneo oferecemos na Escola Profissional de Ourém os cursos Manutenção Industrial e Metalomecânica. Garantem plena empregabilidade e níveis remuneratórios médios semelhantes a um Chefe de Cozinha. A oferta por parte das escolas é escassa e a procura dos alunos relativamente baixa. O curso de Metalomecânica consegue até o feito heróico de ter na EPO a única oferta de todo o território de Lisboa e Vale do Tejo. E tudo isto porque não estão na moda. 

Vivemos hoje tempos difíceis e por isso aconselho os jovens a analisarem bem todas as ofertas que têm ao seu dispor, recolhendo toda a informação e aconselhando-se com aqueles em que mais confiam. E sobretudo que não embarquem em facilidades e modas.

Francisco Vieira
Diretor Executivo da Insignare

19/07/12

Os fatores determinantes das comunicações word-of-mouth dos alunos das escolas profissionais portuguesas.

(Artigo publicado no Anuário das Escolas Profissionais 2012-2013, editado pela ANESPO, pag.33-34)

Uma estratégia de comunicação é crucial para as organizações em geral e para as escolas profissionais em particular. Esta importância é sobretudo relevante no contexto atual, em que a concorrência das escolas públicas na oferta de cursos profissionais e o notório decréscimo demográfico, criam crescentes dificuldades às escolas profissionais na captação de alunos. A comunicação da qualidade do serviço das escolas profissionais pode ser feita, por exemplo, através da publicidade ou das relações públicas, ou então através dos seus alunos, quando estes as defendem e recomendam o serviço prestado através da comunicação passa a palavra (word-of-mouth).

Pode definir-se word-of-mouth como a comunicação informal entre os consumidores acerca das características de um produto, serviço ou organização. O word-of-mouth pode ser positivo, que consiste em falar favoravelmente da escola e/ou recomendá-la aos seus amigos e conhecidos, ou negativo, que consiste em partilhar experiências negativas em relação à prestação do serviço por parte da escola, desaconselhando-a ao seu grupo de referência. As comunicações word-of-mouth positivas acontecem, regra geral, quando as expectativas dos alunos são satisfeitas ou excedidas; já as comunicações word-of-mouth negativas são resultado do balanço negativo e do desequilíbrio entre as suas perceções e expectativas.

Pela sua especial credibilidade e eficácia, aliada ao facto de ser gratuita, a comunicação word-of-mouth acabou por se transformar numa das forças mais poderosas do mercado, bem como numa inquestionável e importante ferramenta de marketing, na medida em que exerce, comprovadamente, uma grande influência no comportamento dos consumidores. Neste sentido, é essencial que as escolas profissionais conheçam os fatores que estão na base das comunicações word-of-mouth proferidas pelos seus alunos, de forma a que possam desenvolver ações de marketing que promovam o word-of-mouth positivo e que reduzam ou eliminem as fontes de word-of-mouth negativo.

Neste contexto, foi elaborado um estudo no âmbito de uma dissertação de Mestrado em Marketing Relacional, que pretendeu analisar quais os fatores que levam os alunos das escolas profissionais em Portugal a produzir comunicações WOM positivas e negativas acerca da escola que frequentam. Com base numa amostra de 2 787 alunos de escolas profissionais associadas da ANESPO e na utilização de modelos de regressão linear múltipla, concluiu-se que as comunicações WOM positivas estão positivamente relacionadas com a satisfação, a lealdade, o compromisso, a confiança, o valor percebido e a imagem corporativa e negativamente relacionadas com a qualidade percebida e com as emoções negativas. Por sua
vez, as comunicações WOM negativas estão positivamente relacionadas com o valor percebido, as emoções negativas e o ano frequentado e negativamente relacionadas com a satisfação, o compromisso e a confiança.

Com base nos resultados do estudo e nos trabalhos académicos que os suportam, fazem-se algumas recomendações às escolas profissionais, no sentido de conseguir influenciar as comunicações word-of-mouth a seu favor.

Neste sentido, devem as escolas dar especial atenção à interação entre pessoal docente e não docente com os alunos, bem como investir em instalações e equipamentos, pois são dois fatores que vários estudos referem como aqueles em que os alunos mais se baseiam para avaliar a qualidade do serviço prestado e o seu grau de satisfação.

Com o intuito de tornar os alunos leais e de promover o seu grau de compromisso e confiança, devem as escolas tornar progressivamente mais forte o vínculo afetivo que as ligam aos seus alunos, desenvolvendo ações tendentes a desenvolver, aprofundar e manter os laços entre a instituição e os alunos. Para tanto, devem as escolas profissionais, procurar cumprir sempre o que prometem, reconhecer as falhas ocorridas durante a prestação do serviço, procurando recuperá-las no mais curto espaço de tempo e fazer um acompanhamento próximo do percurso dos ex-alunos, mantendo com eles um contacto frequente e duradouro, felicitando-os pelos sucessos alcançados, convidando-os a participar nos diversos eventos promovidos pela escola, ou apoiando a sua integração no mercado de trabalho. Realça-se aqui o papel fundamental do orientador educativo de turma, quer na customização da relação entre a escola e os alunos, quer no fortalecimento dos laços emocionais que unem os alunos e a escola, fazendo com que aqueles permaneçam na escola porque “querem” e não porque “tem que ser”. Ações como estas permitem aumentar o grau de lealdade dos alunos, transformando-os em embaixadores da escola que frequentam, podendo as escolas profissionais tirar daí uma importante vantagem competitiva.

Finalmente, também se fizeram algumas recomendações no sentido de aumentar o valor percebido pelos alunos em relação ao serviço prestado pela sua escola. Assim, aconselham-se as escolas a relembrar continuamente os seus alunos dos benefícios decorrentes da posse de um curso profissional, com certificação europeia de nível IV, em termos de empregabilidade em todo o espaço da União Europeia, divulgar com frequência os casos de sucesso profissional de ex-alunos, ao mesmo tempo que se deve realçar aquilo que a escola faz de melhor em relação aos concorrentes.

Ações como as que agora se sugerem a título meramente exemplificativo, permitirão certamente às escolas profissionais alcançar um posicionamento diferenciado, competitivo e sustentado, que lhes garantam a captação de alunos, crucial à sua sobrevivência.

Margarida Rodrigues

Docente da Escola Profissional de Ourém
Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
Mestre em Marketing Relacional, pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria

21/06/12

A construção do social. Biblioteca da Escola Profissional de Ourém.




Está patente na Biblioteca da Escola Profissional de Ourém uma pequena mostra de trabalhos realizados pelos alunos do 1º ano, consagrados ao tema:  A construção do social”.
 Previsto na estrutura programática da disciplina de Área de Integração, este tema pretende abordar a construção da realidade contemporânea por meio de acontecimentos e personagens históricas que mudaram o destino da humanidade através da força das ideias; da arte; da acção política; ou a partir de outras esferas de actividade. Foi lançado aos alunos o desafio de realizarem um trabalho que abordasse a vida e a obra de uma personagem histórica, ou de uma figura carismática, que constituísse para eles uma referência.
 Encontrar referências humanas ajuda-nos a ser parte do todo. É com referências que se constitui a filigrana do tecido social, e nem a propósito do tema abordado na disciplina de Área de Integração, são elas próprias que promovem essa “construção do social”. Com referências humanas, ou mesmo ídolos, descobrem-se valores e estabelecem-se afectos.
 Quando identificamos figuras ou personagens dignas da nossa admiração, estamos a estabelecer posições e afinidades, e estamos a afirmar a nossa presença e as respectivas coordenadas do nosso lugar no mundo, desenhando o mapa das paixões, das lutas e das causas.  Identificar um ponto de admiração é tomar uma posição activa, e é em si um acto de cidadania. Os ídolos, as personagens de referência, configuram o mundo. Norteiam-no, sinalizam-no. São uma escola de vida, e canalizam pulsões.
 A presente mostra, da responsabilidade dos professores da disciplina de Área de Integração, da Escola Profissional de Ourém, reflecte o entusiasmo dos alunos na resposta ao desafio que lhes foi lançado, e pode ser vista até ao final do ano lectivo.

Os docentes de Área de Integração:
César Adão;
Margarida Rodrigues.

05/06/12

“Orgulho e preconceito”. Biblioteca da Escola Profissional de Ourém.


 A Biblioteca da Escola Profissional de Ourém preparou uma pequena mostra dedicada aos Direitos Humanos, que poderá ser vista até ao final do ano lectivo. O título escolhido para a mesma, não sendo  uma homenagem à carismática obra da escritora britânica Jane Austen, pretende sintetizar o percurso das reivindicações pela igualdade de direitos, penosamente trilhado sobre o território dos nossos preconceitos.
 No vasto espectro que envolve a igualdade de direitos e oportunidades, bem como a luta pelos Direitos Humanos, cabem temas como a condição feminina; os grupos socialmente desfavorecidos; os crimes de ódio; a orientação sexual; ou mesmo o difícil quotidiano de pessoas portadoras de deficiência, sendo que a própria disparidade de temas pretende desde logo testar as nossas noções de preconceito, situando-lhes fronteiras e obrigando-nos a estabelecer relações e paralelismos.
 Sobre o manto do relativismo cultural pode esconder-se a prática da excisão. Em nome da manipulação moral e axiológica de toda uma nação, pode ocultar-se o prejuízo e a ofensa de pessoas, com base na sua origem étnica, ou na sua orientação sexual ou ideológica. A história ensina-nos também que nenhum período de glória ou ascensão de uma nação deve escamotear o atropelo dos direitos humanos, seja qual for a sua máscara.
 Esta pequena mostra tenta estabelecer um roteiro dos nossos próprios preconceitos, levando-nos, como ponto de partida para a reflexão, a contemplar o significado dos valores de igualdade e justiça, precisamente numa conjuntura propensa a despertar a parte mais negativa da nossa psique colectiva.
 Constituída por diversos suportes de informação (livros, cartazes, panfletos de carácter informativo), esta mostra pretende dirigir-se a todos, na consciência clara de que a geração representada pelos nossos alunos, ainda que processe e absorva a informação de uma forma mais directa, visual e fragmentada, não pode por essa razão demitir-se de pensar as grandes questões que pertencem ao seu tempo e ao seu mundo.
  As conquistas consagradas aos Direitos Humanos são em certa medida o barómetro da evolução e da consistência da nossa construção democrática. Olharmos o tema do preconceito, é também a capacidade e a lucidez de o sabermos identificar em nós próprios, para que possamos sentir na luta pelos Direitos Humanos, com orgulho e sentido de homenagem, a fragilidade das conquistas que lográmos . 

César Adão, Professor de Área de Integração.

19/04/12

Visita de estudo à Central de Cervejas - Sagres

A Escola Profissional de Ourém tem o objetivo de proporcionar as melhores condições aos seus alunos para que estes possam aprender melhor e para que se sintam bem na escola e no seu curso. Com esse intuito a escola realizou, na passada quarta feira, dia 18 de abril, uma visita de estudo para os alunos do segundo e terceiro anos do curso profissional de técnico de gestão.
Os alunos, acompanhados por duas professoras da área técnica, saíram da sede da Escola Profissional de Ourém por volta das 10h30m em direção à Central de Cervejas, conhecida por Sagres, ou seja, fábrica da Vialonga.
Iniciámos a visita por volta das 14h e desde logo percebemos que ia ser interessante e divertida pois a nossa guia, Dra. Paula Portugal, deixou-nos desde logo à vontade para fazermos todas as perguntas e interrupções necessárias. Na sala onde nos recebeu encontrava-se a data da fundação da empresa, os seus presidentes executivos e algumas pessoas que foram muito importantes na história da fábrica.
De seguida visitámos uma sala, onde havia uma maquete da fábrica no seu todo e obtivemos todas as informações necessárias sobre a localização operacional da empresa. É a única do país que tem uma malteria, que é onde se transforma a cevada, uma das matérias-primas utilizadas na produção de cerveja, em malte, este, pode ter várias cores e devido ao seu processo de formação confere à cerveja várias tonalidades e sabores. Neste departamento, todos os dias são tratadas 180 toneladas de cevada, que se transformam em, apenas, 150 toneladas de malte. Esta perda de matéria deve-se a desperdícios como cascas, raízes, entre outros, que são aproveitados para rações de animais. A Dra. Paula Portugal referiu o lema da empresa, lei de Lavoisier “Nada se perde, tudo se transforma”, conselho importantíssimo para um técnico de gestão.
Além do malte utilizado para a produção de cerveja, também entra na sua constituição, milho, que é necessário devido ao seu amido, água, que é o principal ingrediente e lúpulo. Seguidamente, percorremos o processo de produção, seguindo o trajeto da nossa guia. Começámos pela sala da braçagem, que é onde se produz o mosto, em caldeiras a aproximadamente 100C, onde se mistura, o malte e o milho moído com a água durante 8 horas. Depois o mosto é filtrado e mais uma vez existem desperdícios que também são usados em rações para animais. Após, mistura-se o lúpulo que dá o amargo à cerveja e estabiliza a espuma. Esta mistura transfere-se para tanques onde arrefece e se mistura a levedura que vai formar o álcool da cerveja. De seguida, segue para os tanques de fermentação onde fica durante cerca de 8 dias, a uma temperatura de 15C. É aqui que a mistura se torna cerveja, libertando dióxido de carbono para botijas e que se utiliza na tiragem de imperiais. Segue-se uma fase de repouso, chamada guarda ou maturação, onde a cerveja fica a uma temperatura de -1C, durante 10 a 15 dias, que faz com que a cerveja fique turva para prevenir a turvação posterior na garrafa. Passados estes dias a cerveja é filtrada, novamente, e fica límpida. Agora, sim, a “nossa sagres” está pronta para o engarrafamento e para o tão esperado consumo. Em Vialonga existem 6 linhas de garrafas (tara perdida e tara recuperável), 1 de latas e 1 de barril, produzindo 60 mil garrafas por hora.

Para terminar, o merecido lanche onde pudemos degustar os produtos da tão importante empresa do tecido empresarial português, quer em termos económicos quer em termos de responsabilidade social.
 Vânia Lima - GES10
Supervisão: professora Beatriz Vieira