05/06/12

“Orgulho e preconceito”. Biblioteca da Escola Profissional de Ourém.


 A Biblioteca da Escola Profissional de Ourém preparou uma pequena mostra dedicada aos Direitos Humanos, que poderá ser vista até ao final do ano lectivo. O título escolhido para a mesma, não sendo  uma homenagem à carismática obra da escritora britânica Jane Austen, pretende sintetizar o percurso das reivindicações pela igualdade de direitos, penosamente trilhado sobre o território dos nossos preconceitos.
 No vasto espectro que envolve a igualdade de direitos e oportunidades, bem como a luta pelos Direitos Humanos, cabem temas como a condição feminina; os grupos socialmente desfavorecidos; os crimes de ódio; a orientação sexual; ou mesmo o difícil quotidiano de pessoas portadoras de deficiência, sendo que a própria disparidade de temas pretende desde logo testar as nossas noções de preconceito, situando-lhes fronteiras e obrigando-nos a estabelecer relações e paralelismos.
 Sobre o manto do relativismo cultural pode esconder-se a prática da excisão. Em nome da manipulação moral e axiológica de toda uma nação, pode ocultar-se o prejuízo e a ofensa de pessoas, com base na sua origem étnica, ou na sua orientação sexual ou ideológica. A história ensina-nos também que nenhum período de glória ou ascensão de uma nação deve escamotear o atropelo dos direitos humanos, seja qual for a sua máscara.
 Esta pequena mostra tenta estabelecer um roteiro dos nossos próprios preconceitos, levando-nos, como ponto de partida para a reflexão, a contemplar o significado dos valores de igualdade e justiça, precisamente numa conjuntura propensa a despertar a parte mais negativa da nossa psique colectiva.
 Constituída por diversos suportes de informação (livros, cartazes, panfletos de carácter informativo), esta mostra pretende dirigir-se a todos, na consciência clara de que a geração representada pelos nossos alunos, ainda que processe e absorva a informação de uma forma mais directa, visual e fragmentada, não pode por essa razão demitir-se de pensar as grandes questões que pertencem ao seu tempo e ao seu mundo.
  As conquistas consagradas aos Direitos Humanos são em certa medida o barómetro da evolução e da consistência da nossa construção democrática. Olharmos o tema do preconceito, é também a capacidade e a lucidez de o sabermos identificar em nós próprios, para que possamos sentir na luta pelos Direitos Humanos, com orgulho e sentido de homenagem, a fragilidade das conquistas que lográmos . 

César Adão, Professor de Área de Integração.

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