15/12/10

Coming Out…armários, gavetas e outros papéis na Escola


Papéis…
A orientação sexual é uma questão de grande importância pessoal para uma série de adolescentes e jovens. Alguns investigadores e cientistas estimam que 1 a 3 em cada 10 estudantes é gay, lésbica ou bissexual, ou têm um parente directo que é. Isto significa que 3 a 9 alunos em cada turma de 30 têm experiência directa com questões relacionadas com a homossexualidade e a homofobia.
A escola tem um papel importante, o dever de contribuir para um aumento da auto-estima de todos os alunos, independentemente da sua orientação sexual ou identidade de género. É também por excelência, um local que se espera que veicule informação correcta e onde os valores que devem ser ensinados são aqueles que afirmam o respeito pelo outro e o interesse manifesto pelos sentimentos dos outros, independentemente das suas diferenças.
Vivemos tempos de mudança mas nem sempre foi assim. O absurdo de definir a homossexualidade como uma patologia foi oficialmente reconhecida em 1973 quando a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade da sua lista de doenças e em 1993 a Organização Mundial de Saúde declarou a homossexualidade, uma variante natural da sexualidade humana. No entanto, ainda hoje gays, lésbicas e bissexuais continuam a lidar com preconceitos e discriminação.



Gavetas…

São muitas as imagens que temos do estilo de vida de gays e lésbicas, mas muitas são distorcidas e preconceituosas e normalmente os estereótipos negativos baseiam-se em visões bastante tradicionais da sexualidade. Entre estas imagens pré-concebidas está a visão dos homens gays como promíscuos e incapazes de ter relações duradouras, dos bissexuais como indivíduos bígamos descontrolados e das lésbicas como feministas frustradas em relação aos homens. Para além disso, há ainda muitas visões religiosas que consideram pecaminosas as relações homossexuais. É importante vermos que quem se opõe a certos estilos de vida tende apenas a realçar selectivamente os aspectos negativos.
Sou heterossexual e penso que o radicalismo jamais trouxe algo de positivo a alguém, talvez por isso, sinto-me no direito de dizer que para gays, lésbicas e bissexuais é importante, assim como para os heterossexuais, distinguir o sentimento básico de atracção da criação de estilos de vida. Os estilos de vida são uma opção, a orientação sexual não. Um estilo de vida pode incluir aspectos de identidade, sexualidade, relacionamento, entre outros…Mas é uma questão pessoal que não se pode associar a um grupo generalizado de pessoas.
Sair do Armário…
Há muita gente que partilha o desejo de ter uma relação monógama, duradoura e “romântica”. Não é por se ser uma adolescente lésbica ou um adolescente gay que uma relação deste tipo é impossível, mas é apenas uma opção entre muitas, tal como o é para um jovem heterossexual.
Devido ao medo do estigma e da discriminação na vida real, jovens que se sentem atraídos por pessoas do mesmo sexo têm dificuldade em assumir os seus sentimentos, o comummente chamado “sair do armário” ou Coming Out. Este processo não é uma decisão tomada de uma vez para sempre. É um processo contínuo de decisões que começam quando um adolescente reconhece a sua atracção por pessoas do mesmo sexo como uma emoção válida.
Escola e mais papéis…
Enquanto educador, é importante reconhecer perante si mesmo e perante os seus alunos, que nem sempre é fácil lidar com a diferença, que não é algo que se aprenda de um dia para o outro. É preciso dar tempo e espaço para todos reconhecerem e digerirem as ideias novas. Como agentes educativos temos que ter consciência das nossas próprias opiniões sobre a diversidade e a homossexualidade/bissexualidade. Cerca de 70% do impacto do que se ensina está ligado à nossa personalidade. Se dermos uma aula sobre a diversidade dos estilos de vida, mas mostrarmos que não aprovamos estilos de vida diferentes do nosso, os alunos não nos levarão muito a sério. Há que ser sempre adepto da ideia de uma regra fundamental “ Todas a opiniões são válidas desde que respeitem os outros e sejam defendidas de uma forma séria”.
É apenas a minha opinião, mas que sei eu? Apenas passei por aqui para deixar um beijo!
Sandra Monteiro
Baseado em informações do Projecto Educação LGBT
Educar para a Diversidade - APF

1 comentário:

  1. De facto, a aceitação é algo que todos queremos e merecemos, seja em relação à nossa orientação sexual ou em relação a outros aspectos: as nossas características, gostos, opções...
    Sofia Ferreira

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