07/08/10

Eroticamente falando, o que é "normal"?


Uma das minhas paixões é a antropologia e estudar o ser humano e a sua relação com os outros e a natureza é uma dos seus principais objectivos. Sob esta perspectiva, a biologia humana é maleável e apresenta enorme variação se comparada com o determinismo a que estão sujeitos os animais (Sahlins).
O meio ambiente e a cultura alteram o carácter biológico da sexualidade humana. Sob determinadas condições, um padrão pode ser mais " natural "do que outro, que, por sua vez, pode tornar-se mais " natural " se as condições mudarem…
Para além disso, a realidade sexual é variável em diversos sentidos. Muda no interior dos próprios indivíduos, género para género e nas sociedades, não havendo uma categoria universal de erotismo ou de sexualidade aplicável para todas as sociedades!
O actual padrão de comportamento sexual na sociedade em que vives foi modelado a partir de factores e valores culturais e morais que ao longo do tempo passaram por modificações. Os pilares desse padrão permanecem, como a monogamia, a proibição de actos sexuais com crianças, a proibição do incesto, o preconceito em relação à homossexualidade e, na formação da família, a obrigação do casamento legal perante o Estado e, como sacramento, perante a Igreja.

No entanto, a abertura com que se fala sobre outros temas como o debate sobre a sexualidade, a SIDA, a contracepção, entre outros, significa que nem sequer na nossa sociedade há um modelo rígido - do que seja "normal e "natural" – e que possa ser aplicável e abrangente a todas as pessoas. Os antropólogos afirmam mesmo, de acordo com um artigo da revista SUPERinteressante, que a nossa conduta erótica pode ser mais variada do que a forma de vestir ou de comer.
As Sociedades diferentes da nossa também têm os seus padrões e códigos de conduta. Nelas, o nosso "natural" na sexualidade pode significar algo estranhíssimo e vice-versa. Vejam alguns exemplos de como o erotismo e a sexualidade pode ser tão diversa e extraordinária:

O povo Chewa, da Zâmbia e do Malawi, acreditam que devem ter uma actividade sexual bastante intensa durante a infância para serem fecundos quando forem adultos;
Na Papuásia/ Nova Guiné, os jovens praticam castidade com as suas companheiras a maior parte do tempo (e não é porque lhes dói a cabeça), apenas porque acreditam que a quantidade de esperma é limitada e que vão morrer assim que se esgotar a reserva. A quantidade que um jovem desta tribo (Etoro), poderá usufruir é adquirida durante a adolescência. Querem saber como? Hum…Não sei se posso dizer…Está bem! Através da prática de sexo oral aos homens maduros da tribo. Para bem da saúde dele, é melhor que não tenha um aspecto muito saudável: quer dizer que ingeriu muito sémen e vai ser obrigado a ter relações com mulheres para se equilibrar!
Como compreendem, é natural!

No povo Mam (Guatemala) uma mulher casada que no período de três anos não engravidasse, era acusada de adultério. Acreditava-se que manter relações sexuais com mais de um homem impedia a concepção.

Segundo o clássico da literatura erótica "O Jardim Perfumado ", um homem, chamado Abou el Keiloukh, permaneceu com o pénis erecto durante um mês, depois de ingerir uma enorme quantidade de cebola. (lógico que as amantes fugiam devido ao hálito, eheh!).

Nos EUA, existe a Sociedade Assexual Americana, um grupo de pessoas bastante considerável que não praticam sexo simplesmente porque não querem

No "Kama Sutra" o homem é orientado a consumir vários ovos fritos com manteiga e mel para que sua erecção possa ser mantida por várias horas.

Há culturas no Iémen onde as mulheres pintam o corpo de preto com um pigmento natural, pois acham que terá um efeito muito positivo na potência sexual do homem.

Nas Ilhas Marquesas (Taiti) e noutras regiões de África, as mulheres de formas mais redondinhas e obesas são consideradas pelos homens as mais desejáveis e atraentes. Em algumas dessas culturas, as adolescentes permanecem vários meses em "cabanas de engorda" para ganhar peso antes de serem oferecidas pela família para casamento.

Para alguns povos da Samoa o umbigo é parte do corpo que provoca grande excitação. Por essa razão, é mantido sempre coberto, embora a maior parte do corpo permaneça desnuda. (É como nós, o umbigo nunca se mostra, não é meninas?;). Já nas ilhas Celebes, na Indonésia, o joelho é um importante factor de atracção sexual. (Tive uma amiga que achava que tinha o tornozelo mais sexy do planeta, estava excluída, de certeza!)

Entre os Nilotes, espalhados no leste da África, um recurso de atracção física é a extracção de pelo menos dois dentes incisivos quando os jovens chegam à puberdade. Outras práticas relativas aos dentes, incluem tingi-los, limá-los, cerrá-los, perfurá-los ou adorná-los. (Esta doeu!;((

A cultura Tsuana, no Botsuana considera os pequenos lábios vaginais é uma grande atracção sexual. Assim sendo, a partir da puberdade as raparigas começam a puxá-los e podem mesmo valer-se de outros recursos para aumentá-los, como matar um morcego, queimar as suas asas e passar a cinza sobre cortes feitos em volta dos pequenos lábios, de forma a torná-los "tão grandes quanto as asas de morcego". (Brutal!)

Os homens da tribo Caramoja (Uganda), usam a tracção mecânica para alongar o pénis, mantendo pesos a ele atados. (No comments…)

Os adolescentes das ilhas da Papuásia/Nova Guiné, têm uma casa de solteiros, onde mudam de parceira todas as noites. Por outro lado, na Tanzânia, maridos aceitam que as suas esposas tenham amantes desde que mantenham as aparências. Os vizinhos colaboram e não contam a ninguém.

Enfim, a sexualidade é sem dúvida a base de propagação dos nossos genes e a ciência actual recorda que devemos respeitar a diversidade. Por isso, sejamos castos ou promíscuos, pessoas que fazem sexo sem amor, pessoas que só associam o sexo ao amor, heterossexuais, bixessuais,, homossexuais ou uma nova categoria, os “quadsexuais”(os que gostam de homens, mulheres, homossexuais e transexuais). Todos contam. É como a eterna pergunta, se o sexo é natural, porquê que continuamos a precisar de manuais de instruções?
E quem somos nós para determinar o que é normal e o que não é? Vejam, se ainda tiverem paciência, o ritual magnífico dos Modaabe, no vídeo que se segue!
Beijocas Grandes:)))
Unidade de Educação Sexual
Sandra Monteiro











Tribal Beauty Pageant -- for Men

2 comentários:

  1. Excelente artigo, não imaginava nem metade destes casos.
    É claro que alguns dão vontade de rir perante a nossa cultura...

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  2. É verdade, mas isto não conta nem a metade da história:)))
    Beijocas e obrigado pelo comentário
    Sandra M

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