11/06/10

I…, reverência!

Mastigo lentamente o adjectivo, enrolando-o na boca sem me engasgar, enquanto lhe penso o sabor.
Delicio-me a trincá-lo com delicadeza, usando a ponta da língua para lhe separar as partes, suavemente. Sugestivo, sem dúvida.
Despudoradamente sugestivo!
I. Direito. Aprumado. Recto. Ou erecto, se o desejarem!
RRE. Felino. Assanhado. Pronto a morder. Duas vezes… ou mais!
VER. Olhar. Observar. Perscrutar. Com as mãos, também.
ENTE. Ser. Pessoa. Ser. Gente.
Irreverente.
Degusto, com vagar, a iguaria ainda quente.
Uhmm, c’est exquis! Raffiné, même !
Sinto-lhe a ousadia intensa e o cheiro a provocação.
Não, ainda não. Dá-me prazer ter-te assim, a brincar à flor dos lábios, nesse roçar atrevido com a minha língua.
Irreverente, sim. Sem pitada de arrogância ou travo de presunção.
Palavras ao desafio, lançadas na garganta funda do prazer de as explorar, para melhor as entender e usar.
Insolente? Não!
Irreverente, apenas.

G. Rocha

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