A Biblioteca da Escola Profissional de Ourém preparou uma pequena mostra dedicada aos Direitos Humanos, que poderá ser vista até ao final do ano lectivo. O título escolhido para a mesma, não sendo uma homenagem à carismática obra da escritora britânica Jane Austen, pretende sintetizar o percurso das reivindicações pela igualdade de direitos, penosamente trilhado sobre o território dos nossos preconceitos.
No vasto espectro que
envolve a igualdade de direitos e oportunidades, bem como a luta pelos Direitos
Humanos, cabem temas como a condição feminina; os grupos socialmente
desfavorecidos; os crimes de ódio; a orientação sexual; ou mesmo o difícil
quotidiano de pessoas portadoras de deficiência, sendo que a própria
disparidade de temas pretende desde logo testar as nossas noções de
preconceito, situando-lhes fronteiras e obrigando-nos a estabelecer relações e
paralelismos.
Sobre o manto do
relativismo cultural pode esconder-se a prática da excisão. Em nome da manipulação
moral e axiológica de toda uma nação, pode ocultar-se o prejuízo e a ofensa de
pessoas, com base na sua origem étnica, ou na sua orientação sexual ou
ideológica. A história ensina-nos também que nenhum período de glória ou
ascensão de uma nação deve escamotear o atropelo dos direitos humanos, seja
qual for a sua máscara.
Esta pequena mostra
tenta estabelecer um roteiro dos nossos próprios preconceitos, levando-nos,
como ponto de partida para a reflexão, a contemplar o significado dos valores
de igualdade e justiça, precisamente numa conjuntura propensa a despertar a
parte mais negativa da nossa psique colectiva.
Constituída por
diversos suportes de informação (livros, cartazes, panfletos de carácter
informativo), esta mostra pretende dirigir-se a todos, na consciência clara de
que a geração representada pelos nossos alunos, ainda que processe e absorva a
informação de uma forma mais directa, visual e fragmentada, não pode por essa
razão demitir-se de pensar as grandes questões que pertencem ao seu tempo e ao
seu mundo.
As conquistas
consagradas aos Direitos Humanos são em certa medida o barómetro da evolução e
da consistência da nossa construção democrática. Olharmos o tema do
preconceito, é também a capacidade e a lucidez de o sabermos identificar em nós
próprios, para que possamos sentir na luta pelos Direitos Humanos, com orgulho
e sentido de homenagem, a fragilidade das conquistas que lográmos .
César Adão, Professor de Área de Integração.
Sem comentários:
Enviar um comentário